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Ninguém para trás – uma conversa sobre inclusão escolar em meio à pandemia de coronavírus

Por Gunga Castro

“Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”. Ou teria que ir. Nestes tempos em que estudantes são impedidos de frequentar a escola por conta da necessidade do isolamento social, é preciso criar uma rede (ainda que virtual) de apoio, diálogo e reflexão compartilhada para que as crianças possam se aproximar de suas escolas e, de alguma forma, usufruir de tudo o que ela oferece: os encontros, o convívio, a aprendizagem, as experiências, os conflitos e, mais que tudo: a vida coletiva com suas dores e delícias.

“Estar incluído é ser bem vindo”
(David Rodrigues, in “Direitos Humanos e Inclusão”, Portugal, 2016)

Não há dúvidas de que, nesta hora, nossa preocupação tem um foco comum, que são alunos e alunas e a busca por meios de fazer com que continuem próximos à escola e possam seguir aprendendo e, de alguma forma, convivendo.

Acreditamos, porém, que estas reflexões e ideias só ganharão sentido real se puderem alcançar  TODOS E TODAS que frequentam a escola e dela estão afastados(as) – inclusive quem se encontra “em situação de inclusão”, e enfrenta, para frequentar a escola em qualquer tempo, barreiras impostas por uma sociedade injusta e que pouco valor dá à dignidade de cada um de seus membros.

Escrevi um artigo que dialoga com o que estamos vivendo: Tempo de pandemia: quando as verdadeiras deficiências se revelam – pensando também na escola. 

Depois da sua leitura, convido você a comentar, no fim deste post, suas reflexões sobre inclusão escolar e isolamento social. 😉 

Abaixo, os demais links que mencionei no vídeo (clique nos títulos para acessar os conteúdos): 

“Sou eu o deficiente?”
Texto de Frei Betto, reafirmando desde sempre seu compromisso com a luta pela justiça e pela igualdade entre as pessoas, mostra, neste texto escrito 2001, mas totalmente atual, sua posição em relação às pessoas na época ainda chamadas de deficientes e hoje respondem pela indigna alcunha de “pessoas com deficiência”.

Crip Camp – a Revolução pela inclusão – (Crip Camp: A Disability Revolution)
Netflix, 2020 – Nicole Newnham e James Lebrecht – Produtora: Higher Ground
Disponível na plataforma Netflix, este maravilhoso documentário nos mostra, por meio de cenas registradas em tempo real, o movimento em defesa dos direitos das pessoas com deficiência que transformou a legislação até então desumana para estes sujeitos nos EUA. As filmagens têm início no final dos anos 60, no acampamento Camp Jened, criado para jovens e adolescentes com todo tipo de deficiência, localizado no final da estrada de Woodstock. Na época, a vida destas pessoas era ditada pela discriminação e, não raro, institucionalização. Foi a partir destes encontros de verão que se formou um grupo de ativistas, alguns deles atuantes até hoje, que enfrentaram governantes poderosos, interesses selvagens sob todos os pontos de vista e marcaram a história mundial da luta pelos direitos humanos e pela justiça social. Não deixe de assistir.

Convenção dos direitos da pessoa com deficiência
Conheça o documento que garante, com força de lei, os direitos de todas as pessoas que são impedidas de viver plenamente por conta das inúmeras barreiras impostas pela sociedade.

O que podemos aprender com as crianças durante a quarentena?
Texto de Julieta Jerusalinsky,  mestre e doutora em psicologia clínica; professora dos cursos de especialização em Teoria Psicanalítica (COGEAE PUC-SP) e Estimulação Precoce: clinica transdisciplinar do bebê (Instituto Travessias da Infância – Centro de Estudos Lydia Coriat-SP).
Neste artigo do Matinal Jornalismo, publicado em 17 de abril, Julieta comenta e analisa os desafios de muitas famílias que se veem obrigadas a adaptar, ou até revolucionar suas rotinas e maneiras de viver nesta nova realidade de isolamento a que todos estão submetidos. Pensa também em alguns riscos nada novos, mas agira potencializados, como separação de casais, violência doméstica, e tece também comentários interessantes a respeito da situação dos “pais/professores”. Vale a pena conhecer suas ideias.

Nenhum a Menos
Direção: Zhang Yimou. China, 1999, 106 minutos. Elenco: Wei Minzhi,
Zhang Huike, Tian Zhenda, Gao Enman, Sun Zhimei.
É com extrema sensibilidade que o filme nos apresenta a saga de uma adolescente de 13 anos para manter todos os pequenos alunos de uma escola rural da China na escola, no período em que foi obrigada a assumir o ligar de seu professor que teve que se afastar para visitar a mãe doente.


Clique e veja a série Respeitar! nos tempos de coronavírus, com reflexões acerca de temas das formações do projeto e que dialogam com o período de isolamento social por causa do coronavírus (Covid-19). 

7 comentários

  1. Luana Terra em 21 de abril de 2020 às 00:32

    Gunga, acompanhei as reflexões ávida por trocar e sair do lugar comum. Talvez não tão comum que a quarentena nos colocou… O processo de assimilação das novas práticas educativas tem sido intenso e dolorido pra nós educadores e educadoras, pois frequentemente fere nossos valores e ideais. Por outro lado, nos obriga a olhar com intensidade pra cada estudante que conhecemos muito além das pequenas telinhas ou devolução de atividades. Nesse processo, em alguns momentos, olhar para criança em situação de inclusão e oferecer o que ela necessita em reclusão tem sido desafiador. O termometro dessa relação é frelaçãopor meio da construção de uma proximidade maior, de um olhar mais empático que antes não havia. Na medida em que a relação com a criança fica limitada, pois a tecnologia não permite perceber as suas dificuldades, seus anseios ou alegrias, a família se torna essencial para que se mantenha essa nova relação, a virtual, com sensibilidade e presença. Um beijo, Luana

    • Respeitar É Preciso! em 24 de abril de 2020 às 10:35

      Luana, que delícia receber seu comentário! Agradecemos demais sua contribuição! Vamos repassar para Gunga! Um beijo

    • Gunga em 24 de abril de 2020 às 20:18

      Luana,
      Que bom e que conforto encontrar este depoimento aqui… esta é uma luta difícil, doida, cheia de injustiças..que bom saber que você segue comigo!!
      Beijao

  2. Augusto em 22 de abril de 2020 às 15:02

    Parabéns pela iniciativa do projeto. Bela direção de arte .

    • Respeitar É Preciso! em 24 de abril de 2020 às 20:13

      Obrigada, Augusto! Esta série está muito especial mesmo!

    • Gunga em 24 de abril de 2020 às 20:19

      Obrigada, Augusto! A direção de arte ficáveis conta da Carol!!
      Abraço

  3. Mayara Nascimento em 13 de maio de 2020 às 16:14

    Me senti mal agora, esqueci completamente dos meus alunos laudados.
    Preparando aula com vídeos, atividades e enviando para o Classroon, e esqueci desses…
    Sinceramente, estou sem ideia para com eles… Pois são alunos que vão do 6º ano ao 9º .. Todos sabem ler
    PReciso de um Help

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