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Educação infantil e suspensão de atendimento: como ficam as crianças pequenas na pandemia?

Por Gunga Castro

O afastamento da escola nestes tempos de pandemia tem colocado para todos nós uma série de preocupações, dúvidas e incertezas. Se, por um lado, todos enfrentam problemas comuns, no mais das vezes relacionados à situação de desigualdade e injustiça social, como a indiferença do poder público com o acesso às aulas virtuais, a merenda escolar e a falta de apoio financeiro, por outro, enfrentamos também questões específicas a cada um dos segmentos escolares.

Temos os alunos do Ensino Médio se deparando com a hipocrisia das campanhas que os “incentiva” a estudar de qualquer lugar e a qualquer hora para a prova do ENEM. O público de EJA que não vê consideradas suas especificidades e necessidades na modalidade virtual; os alunos que se viram afastados da escola em meio ao processo de alfabetização, etc.

Da mesma forma, as crianças pequenas, muito pequenas e bebês têm também enfrentado junto aos adultos que os acompanham, problemas bastante específicos. As redes sociais estão inundadas de propostas de atividades, contações de histórias, cantigas etc.

Em algumas delas é possível perceber uma preocupação legítima com a situação das crianças, a consideração da etapa de desenvolvimento que atravessam, os cuidados com o “encontro” dos pequenos com este universo tão novo quanto frenético, e a intenção de oferecer a eles algo que contribui verdadeiramente com todos.

Em outras, porém, não vemos mais do que alguns momentos de um entretenimento que em pouco ou nada contribui, em pouco ou nada educa e em pouco nada respeita o pequeno sujeito a quem se dirigem. 

Estas e outras questões fundamentais que se colocam para estes pequenos alunos serão tratados aqui, sempre considerando a urgência de atendê-los e a soberania do respeito.  

Abaixo, seguem os conteúdos indicados no vídeo, para contribuir sobre a reflexão sobre Educação infantil em tempos de pandemia de coronavírus: 

Conversa com Maria Paula Zurawski

Graduada em Teatro pela Universidade de São Paulo/ECA em 1987, com mestrado  (2009) e doutorado em Educação, com a tese “Teatro para Bebês: entre significações e sentidos” (2018), ambos pela Universidade de São Paulo, Paula atualmente é docente nos cursos de Graduação em Pedagogia e Pós-Graduação em Educação Infantil do Instituto Superior de Educação Vera Cruz de SP.

É também curadora das temporadas infantis do Instituto Alfa de Cultura, consultora pedagógica do Instituto Alfa de Cultura, artista cooperada da Cooperativa Paulista de Teatro e atriz/fundadora do grupo Furunfunfum de teatro. Participa do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação e Infância – NPEEI – do Instituto Vera Cruz, e é também selecionadora de trabalhos do Prêmio Educador Nota 10 da Fundação Victor Civita.

Paula compôs a equipe do Projeto Respeitar é Preciso! nos seus primeiros anos de existência, sendo autora do Material Respeitar é Preciso!, e até hoje contribui com nossas ações. Neste vídeo, ela levanta as mais importantes questões colocadas pela pandemia e pelo afastamento das crianças pequenas e nos convida a pensar nelas de forma respeitosa como sujeitos em processo de desenvolvimento e assim como todos, público alvo da Educação.  


Live: Coletivo Infâncias de Santo Amaro e região – “Educação infantil em tempo de pandemia: a (in)visibilidade de bebês e crianças na construção desta travessia

Renata Dias de Oliveira, Coordenadora pedagógica da Rede Municipal de São Paulo, convida para uma “roda de conversa”, como ela batizou este evento, as professoras Fernanda Souza (Professora, formadora de professores, militante pelo direito à Educação infantil e Educação para crianças com deficiência, e membro do Fórum Paulista pela Educação Infantil, entre outras coisas; e Márcia Gobi (Socióloga, doutora em Educação, docente da Faculdade de Educação da USP e pesquisadora na área de representações e criações da infância nas ocupações e grupos de luta por moradia na cidade de São Paulo).

As professoras fazem um resgate da difícil situação que atravessa o segmento da Educação Infantil, desde muito antes da pandemia que vivemos hoje, e discutem não só as questões hoje colocadas pela suspensão de atendimento (como as dificuldades de acesso, as especificidades das crianças indígenas e quilombolas, a desconsideração da supremacia do encontro e das relações interpessoais como condições para a realização de um  trabalho educativo, o atendimento às crianças público alvo da educação especial, etc.) mas também aquelas que sempre existiram, e hoje apenas se tornam mais evidentes. Não deixem de assistir, do primeiro ao último minuto.

https://www.facebook.com/coletivoinfanciasdesantoamaroeregiao/videos/535927680451239 

Cei Direto Jardim Santa Tereza

Localizado no Jardim Eliza Maria, região da Brasilândia, em São Paulo, o CEI Direto Jardim Santa Tereza oferece aos seus alunos, assim como muitos outros Centros de Educação Infantil, um trabalho de educação que prima pela qualidade e pelo respeito a todos.

Neste período de pandemia, em que as crianças estão afastadas, a equipe da escola realiza, por meio de sua página no Facebook, um primoroso trabalho genuinamente educativo.

As postagens diárias, preparadas pelas próprias professoras, garantem o contato das crianças com a escola, mostrando cenas vividas antes da pandemia, convidando as crianças e os adultos que neste momento as acompanham a ouvir histórias, dialogar com a escola e compartilhar experiências vividas no isolamento.

Vale ressaltar aqui o respeito da equipe escolar por cada uma das crianças e suas famílias, que conseguem saber, das professoras, as musicas preferidas de cada grupo, as histórias queridas, dicas das próprias mães  para dar continuidade em processos antes compartilhados pela escola e pela família, como a transição alimentar dos pequenos, e até uma pequena live de uma ex aluna, que ensina os pequeninos a fazer massinha. Abaixo, uma aula de culinária! Aqui você vê todas as postagens. Vale a pena conferir!

https://www.facebook.com/100015383173985/videos/842894086233356/

Circo Teatro Musical Furunfunfum

Criado em 1992 por Marcelo e Paula Zurawski, o Grupo Furunfunfum tem em seu repertório espetáculos teatrais, musicais, e de manipulação de bonecos, apresentando-se em diferentes espaços. Os espetáculos, sempre caprichosamente preparados, buscam a qualidade artística e o respeito às crianças, seu principal público, mas invariavelmente encantando também os adultos.

Enquanto durar a quarentena, os espetáculos do grupo que estão no Youtube estarão todos liberados para todos que quiserem assistir! 


Infância e política – com Ilana Katz

Nestes tempos de pandemia, quando quase a totalidade de crianças do mundo inteiros se encontra em situação suspensão de atendimento educativo, vale a pena assistir à palestra de Ilana Katz na série dedicada à infância do programa Café Filosófico, onde fala sobre “Infância e Política”.

É com muita clareza e um posicionamento firme que ela faz, logo no início, uma breve retomada histórica da concepção da infância no mundo, para depois fazer questionamentos e provocações, convidando-nos a pensar, sobretudo, na flagrante desigualdade de tratamento e garantia de direitos entre as crianças das diferentes camadas sociais.

Ilana Katz é psicanalista, com graduação em pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994) e mestrado em Psicologia – USP – PSA/ Instituto de Psicologia (2001) e Doutora na Faculdade de Educação da USP. Foi colaboradora do Ministério da Saúde, área técnica da Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (CNSM) 2012-2016, e membro do Comitê Nacional de Acompanhamento e Implementação das Políticas Públicas de Atenção ao Autismo até 2016. É pós-doutoranda no departamento de psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP e Coordenadora Clínica do projeto de extensão Refugiados de Belo Monte: atenção em Saúde Mental.

Clique e veja a série Respeitar! em tempos de coronavírus, com reflexões acerca de temas das formações do projeto e que dialogam com o período de isolamento social por causa do coronavírus (Covid-19). 

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