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Entrevista: A importância de trabalhar nas Unidades questões sociais que causam sofrimento

23 de julho de 2023

“O sofrimento emocional vem se mostrando algo que merece muito a nossa atenção, enquanto educadores”, afirma Taize Grotto de Oliveira, responsável pelo Eixo de Educação em Direitos Humanos, Convivência e Mediação de Conflitos, da Coordenadoria dos CEUs (COCEU/ SME). Ela enumera situações que tem sido recorrentes no ambiente escolar, como crises de ansiedade, depressão e automutilação, que impactam no convívio escolar e no processo de ensino e aprendizagem. 

Assim, o projeto Respeitar é Preciso!, realizado pela SME em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, busca caminhos coletivos de promoção da saúde emocional nas Unidades Educacionais, por meio de suas atividades formativas e ações. O olhar atento às violências sociais que causam sofrimento, explica Oliveira, possibilita que elas sejam trabalhadas nas Unidades Educacionais, com participação de todos. Segundo ela, isso pode favorecer o pertencimento ao ambiente escolar e, assim, as relações e os aprendizados.

Leia a seguir a entrevista com Taize Grotto de Oliveira, da SME.


Por que a Secretaria Municipal de Educação tem trazido para formações e ações do Respeitar é Preciso! o tema do sofrimento emocional nas Unidades Educacionais? 

Taize Grotto – O sofrimento emocional vem se mostrando algo que merece muito a nossa atenção enquanto educadores da Rede Municipal de Ensino, enquanto Secretaria Municipal de Educação. Há um tempo, nossos estudantes vêm demostrando questões associadas com a automutilação, crise de ansiedade, depressão. Nosso objetivo é olhar para as questões que podem estar desencadeando esse sofrimento emocional, que impacta nas relações no cotidiano escolar e no processo de desenvolvimento de ensino e aprendizagem.

Qual a expectativa da SME ao abordar a promoção da saúde emocional junto a educadores/as e gestores/as? Como tem sido esse diálogo?  

Taize Grotto – Falar sobre sofrimento emocional com os educadores da Rede – incluindo equipes gestoras, equipes de apoio, professores, estendendo a famílias – é extremamente necessário para que a gente consiga, enquanto grupo, oferecer ferramentas para pensarmos coletivamente estratégias e caminhos possíveis. Enquanto educação, enquanto escola, o que nós podemos fazer quando olhamos pra questão de sofrimentos emocionais?

Concomitantemente a isso, é a escola se reconhecer como parte fundamental da Rede de Proteção Social, juntamente com os demais serviços do território, para que todos saibam que não estamos sozinhos. Precisamos unir esforços e assim, juntos, nós vamos conseguir encontrar alternativas, caminhos possíveis para trazer um mundo mais leve para nós e nossos estudantes.

Qual a relação da promoção da saúde emocional no ambiente escolar com a Educação em Direitos Humanos? 

Taize Grotto – Quando falamos de saúde emocional, sofrimento emocional na escola, olhando pelo viés da Educação em Direitos Humanos, tentamos compreender quais são as violências sociais, estruturais inclusive, que aparecem no cotidiano dessas crianças, adolescentes e na nossa, educadores, na vida e dentro do ambiente escolar. É quando olhamos para o racismo estrutural, questões de gênero, LGBTfobia, raça, religião, etc, e para como os diferentes tipos de violências sociais podem ocasionar sofrimento e impactar o desenvolvimento da aprendizagem.

Olhar para essas questões também possibilita pensar em possíveis projetos nas nossas Unidades Educacionais, considerando para isso as ações das Comissões de Mediação de Conflitos, para que, enquanto coletivo, enquanto instância de participação, compreendendo todos os segmentos da comunidade escolar – inclusive família, que é essencial nesse processo -, a gente consiga estreitar relações e criar vínculos de fato. Isso corrobora com a questão do convívio escolar e, assim, com um melhor empenho, um maior interesse em estar nesse lugar, por saber que a escola lhe pertence.

Entrevista por Natália Pesciotta

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