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Seminários proporcionam trocas sobre Educação em Direitos Humanos na rede municipal de SP

O Instituto Vladimir Herzog realizou, por meio da área de Educação em Direitos Humanos,  a 3º edição dos Seminários Regionais das Comissões de Mediação de Conflitos da Cidade de São Paulo, dentro do projeto Respeitar É Preciso!. Os Seminários aconteceram em cinco pontos diferentes da cidade entre 19 e 23 de setembro, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. 

A programação faz parte do calendário de atividades formativas do Respeitar É Preciso! na rede municipal para valorizar, fortalecer e ampliar constantemente práticas de Educação em Direitos Humanos (EDH), como a mediação de conflitos e a gestão democrática, com o propósito de promover uma cultura de paz e enfrentamento à violência.

“Esses espaços de troca são muito importantes para nossa formação coletiva”, analisa Neide Nogueira, coordenadora do eixo de Educação Básica da área de Educação em Direitos Humanos do Vladimir Herzog. Ela considera significativa a realização periódica dos seminários, que já estão em sua terceira edição: 

“Todos nós que participamos aprendemos muito, pois a gente nunca termina de se formar em Educação em Direitos Humanos. Trata-se de um movimento constante de tentar fazer diferente no cotidiano, rompendo com uma cultura enraizada de violência e preconceitos. Por isso as atividades formativas são tão importantes”

Neide Nogueira
Coordenadora do eixo de Educação Básica da área de Educação em Direitos Humanos do Instituto Vladimir Herzog

Profissionais de diferentes unidades escolares puderam compartilhar suas práticas, conhecer outras experiências e refletir sobre elas coletivamente, em espaços de diálogo, escuta ativa e respeito mútuo. 

Os Seminários se dividiram por cinco polos do município, contemplando cada Diretoria Regional de Educação (DREs), contando com representantes das DREs, da Secretaria Municipal de Educação e da Coordenadoria dos Centros Educacionais Unificados e da Educação Integral (COCEU). Todas as diretorias convidaram ainda apresentações culturais de estudantes, uma inspiração para as conversas sobre potências do ensino público. Os Centros Educacionais Unificados (CEUs) ficaram responsáveis por receber os seminários.

Relatos de experiências: trocar e construir coletivamente

Uma das principais atividades dos seminários é o compartilhamento de relatos de experiências, quando educadoras e educadores trazem exemplos reais do cotidiano, seus desafios, aprendizados e possibilidades. Foram discutidos principalmente casos de mediação de conflito e de implementação do grêmio estudantil.

Segundo os relatos, as práticas de educação em direitos humanos criam novos movimentos nas unidades e fazem parte de um processo de mudanças nas relações, nas posturas e no clima escolar. “É um processo de autoavaliação permanente de todas as partes envolvidas – dos alunos, da equipe, da gestão”, comentou a coordenadora pedagógica Rejane Ramos, que compartilhou sua experiência com a fundação de um grêmio.   

“É muito bom trabalhar em conjunto a partir de casos reais”, comenta a professora Rosângela, da EMEI Perimetral I, uma das presentes nos Seminários e membro da comissão de mediação de conflitos da sua escola. “A gente se identifica, se vê no que foi dito”, observa ela, que afirma levar para sua unidade “uma sementinha” sobre as temáticas e experiências abordadas.





Oficinas: sensibilização e expressão

No período da tarde, participantes dos Seminários se dividiram em quatro oficinas simultâneas propostas pela equipe do Respeitar É Preciso!

  • Arte e educação em direitos humanos
  • O que a escola tem a ver com a questão ambiental?
  • Mediação de conflitos na educação? metodologias pedagógicas
  • LGBTQIA+fobia no ambiente escolar? entendendo a sopa de letrinhas

As oficinas são atividades formativas com ainda mais interação, grupos menores e propostas de construção conjunta, de forma a instigar a expressão e a reflexão sobre os temas. 

No caso da oficina sobre LGBTQIA+fobia, por exemplo, a facilitadora e psicóloga Débora Medeiros de Andrade usou livros, propostas de escrita e desenho para sensibilização: “A literatura se mostrou uma ferramenta importante para abordar várias nuances do tema e a escrita de cartas e produção de desenhos ajudou cada pessoa a se aproximar do tema, de si e do universo infantil e juvenil de um jeito particular”

Nas conversas mediadas pela psicóloga, a importância de abordar a temática com sensibilidade ficou evidente. “Escutei experiências diversas de pessoas adultas mediando conflitos relacionados às temáticas gênero e sexualidade desde a educação infantil até o ensino médio”, conta Débora, após as oficinas. “Escutei também pessoas com muitas dúvidas e ao mesmo tempo abertas ao aprendizado sobre as diferenças.”

Carol Baracho e Bianca Prado, ambas jovens ativistas do Instituto Perifa Sustentável, facilitaram a oficina sobre questão ambiental. Elas apresentaram os conceitos básicos sobre mudanças climáticas e racismo ambiental, propuseram uma dinâmica para reflexão em grupos e só depois mediaram uma conversa:

“Tivemos turmas muito interessadas e abertas para trocar. Assim, pudemos tratar a questão ambiental de forma prática, próxima do cotidiano das escolas e das periferias.”

Gisele Cardoso, professora da EMEF Philó Gonçalves do Santos, foi uma das participantes interessadas em opinar e ouvir colegas. “Além de informar, acho que é importante ter essa troca”, avaliou. Ela conta ter se identificado com a abordagem, pois atua em sua unidade pela criação de um parque no entorno da escola, em Perus, num terreno onde se acumula lixo.

“O mais importante nesses momentos é a gente conversar e ver o que o outro tem a contribuir, o que está sendo feito e pensado em diferentes regiões”, completa a professora participante. 

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