25 de setembro de 2023
Evento de integração do Respeitar é Preciso! favorece a construção coletiva de conhecimentos sobre mediação de conflitos no fortalecimento do convívio escolar
“Quando ouço os relatos das colegas de outros territórios, reconheço muito da minha escola também”, comentou a educadora Angélica da Hora antes de apresentar sua experiência de Educação em Direitos Humanos durante a 4º Edição dos Seminários Regionais das Comissões de Mediação de Conflitos da Cidade de São Paulo. Esta troca entre profissionais de diferentes Unidades Educacionais é o propósito do evento integrador que aconteceu de 21 a 28 de agosto de 2023.
Os seminários fazem parte do projeto Respeitar é Preciso!, realizado pela parceria entre Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e Instituto Vladimir Herzog para disseminar práticas de Educação em Direitos Humanos na Rede Municipal de Educação. Neste caso, o tema central foi a atuação da mediação de conflitos no convívio escolar, no sentido de promover relações de respeito mútuo.
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Acesse as fotos da 4º Edição dos Seminários Regionais das CMCs
Como a Educação em Direitos Humanos favorece a convivência escolar? Conheça experiências
As atividades foram focadas nas Comissões de Mediação de Conflitos da Rede Municipal de Educação, presentes em cada Unidade Educacional e compostas por membros da própria comunidade escolar – sejam da equipe gestora, de apoio, pedagógica ou familiares de estudantes. Para lidar com situações de conflitos e violências no cotidiano das unidades, estas comissões abrem espaços de conversa, promovendo reflexões sobre a realidade e as relações da comunidade escolar. Isso é importante a cada conflito, mas também de forma permanente e preventiva.
“Enfrentamos inúmeras questões sociais que atravessam o dia a dia das escolas e as comissões trazem a possibilidade de discutir essas questões de maneira pedagógica, intencional e preventiva”, reforçou durante os Seminários Rogério Gonçalves, diretor da Divisão de Gestão Democrática e Programas Intersecretariais (DIGP) da SME.
Os Seminários contaram ainda com a presença dos/as diretores/as e outros/as representantes das Diretorias Regionais de Educação (DREs).
A cada um dos dias, os Seminários aconteceram em uma região da cidade, divididos em dois momentos: Primeiro, a apresentação de relatos das experiências de educadores, em auditório, com mediação da doutora em Educação Daniele Kowalewski. Na sequência, os participantes se dividiram entre as oficinas “Escola e ativação da rede de proteção no território” e “Dimensões educativas do conflito”.
Construção coletiva de conhecimento
Para educadoras e educadores presentes, este momento contribui para repensar práticas diárias. “Como não existem fórmulas para as ações de mediação de conflitos, e sim diretrizes, o seminário traz subsídios para a atuação, a partir das trocas. Fica evidente essa cultura de que o aluno pode pertencer ao ambiente escolar, quando participa e é ouvido”, afirma Wendel Camargo Medes, que também apresentou sua experiência como educador e membro da CMC da EMEF Padre Gregório Westrupp.
Janaína, da Comissão de Mediação de Conflitos da CEI Jardim Peri, entende que sem os conflitos não existem mudanças e que é essencial ampliar as discussões sobre isso. “Quando a gente tem noção das violências e desigualdades sociais que a escola pode reproduzir, podemos atuar para garantir direitos. Não só das pessoas envolvidas em um conflito, mas de todas”, afirma a educadora presente no seminário.
Adriana Arena, supervisora da DRE São Miguel, complementa que as atividades do Seminário trazem a sensação de coletividade e pertença a uma rede maior. “As dificuldades são parecidas em territórios diferentes. É muito potente trocar e poder pensar em uma mesma situação com outro olhar”.
O conflito como “Iceberg”
Na oficina “Dimensões educativas do conflito”, participantes puderam discutir conflitos reais de suas unidades, em grupos. No final, cada grupo apresentou uma das situações de conflito debatida, identificando quais seriam, naquele caso, o “conflito emergente” e o “conflito latente”.
Isso porque, como explicava a equipe que coordenou a oficina, um conflito pode ser analisado como a imagem de um iceberg: a situação que emerge costuma ser como a ponta de um iceberg, que revela um contexto mais profundo não notado até então. Daí a importância da mediação de conflitos desenvolver ações educativas sobre as questões do contexto, não apenas dos indivíduos, compreendendo os conflitos cotidianos a partir de uma perspectiva mais ampla.
A equipe de formadores e formadoras, que atuou em duplas na coordenação da oficina a cada dia de Seminário, foi composta por Carolina Vieira, Claudia Soares, Igor Gomes, Luara Carvalho, Raquel Quintino e Sulamita Assunção.
Escola como parte da Rede de Proteção
Na oficina “A escola e a ativação da Rede de Proteção no território”, participantes foram convidados/as a refletir sobre possibilidades de ação diante de casos reais de violações de direitos envolvendo estudantes, trazidos pela educadora social Rose Modesto, que coordenou a oficina.
A partir de uma apresentação inicial e dos debates, a atividade pretendia ampliar a compreensão do papel da escola dentro da estrutura de garantia de direitos. O principal é que as Unidades Educacionais possam entender que fazem parte desta rede e mantenham uma integração e articulação com outras instituições responsáveis pela garantia de direitos.
Foi uma experiência maravilhosa que me motivou a me aprofundar e estudar mais sobre o assunto.
Mediar conflitos é determinante para que o ambiente da escola possa realmente ser acolhedor e de boa convivência.
Uma escola que resolva seus conflitos com humanidade e respeito estará realmente cumprindo um do seus papéis sociais e colaborando para que o acesso ao conhecimento seja realmente transformador.