Troca de experiências entre educadores/as possibilita reflexões sobre mediação de conflitos para a convivência escolar democrática
30 de outubro de 2024
Coletividade e esperança: Na 5ª Edição dos Seminários Regionais, realizada pelo Respeitar é Preciso!, profissionais da Educação compartilharam desafios, possibilidades e estratégias cotidianas para uma cultura de respeito mútuo
Por Mariana Marques
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De 23 a 27 de setembro de 2024, aconteceu a edição anual dos Seminários Regionais das Comissões de Mediação de Conflitos (CMCs) da Cidade de São Paulo. No evento, educadores/as de diferentes Unidades Educacionais se encontram para trocar experiências sobre práticas de educação em direitos humanos, especialmente a mediação de conflitos. A programação faz parte do Respeitar é Preciso!, projeto de educação em direitos humanos desenvolvido pelo Instituto Vladimir Herzog em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.
A partir de metodologia que valoriza a aprendizagem colaborativa, o diálogo, a escuta e a realidade cotidiana, profissionais que compõem as Comissões de Mediação de Conflitos das Unidades Educacionais onde atuam puderam aprofundar sua compreensão quanto ao potencial da mediação para uma convivência democrática: muito mais que resolver problemas pontuais, ações de mediação de conflitos fortalecem uma cultura de respeito mútuo, quando se trata de prática diária e permanente.
Oito a cada dez participantes que responderam à avaliação ao final do encontro concordam que o seminário ilustrou novas formas de atuação para a CMC. Nove a cada dez presentes afirmaram sair do evento com pretensão de compartilhar os aprendizados com sua Unidade Educacional.
Participantes mencionaram ainda o significado do momento formativo para construção de novas relações e memórias com seus pares de outras unidades, ressaltando a ideia de se reconhecer como parte de um coletivo, com desafios e potencialidades em comum. Nesse sentido, coletividade e esperança foram palavras muito usadas para descrever as impressões causadas pelos Seminários.
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FIQUE DE OLHO – As CMCs de cada unidade educacional são compostas por membros da própria comunidade escolar – professores/as, gestores/as, funcionários/as das equipes de apoio, estudantes e familiares. O objetivo é que toda a comunidade se entenda como mediadora de conflitos, atuando na construção de uma cultura de diálogo e respeito mútuo. (Saiba mais)
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Acolhimento e boas-vindas
Os seminários foram sediados pelas Diretorias Regionais de Educação (DREs) em cinco regiões da capital paulista – uma a cada dia. Para começar as atividades, as DREs ofereceram o acolhimento, com café e apresentações culturais produzidas por membros das comunidades escolares. Os temas e formatos escolhidos buscaram valorizar a diversidade e os valores dos direitos humanos.
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Oficinas: Um mergulho nas experiências
Na programação da tarde, participantes se dividiram entre três oficinas por dia, cada uma delas focada na análise aprofundada de uma experiência apresentada pelos/as educadores/as que a realizaram em sua Unidade Educacional. Com mediação da equipe de formadores/as do Instituto Vladimir Herzog, os grupos se debruçaram sobre as experiências com uso de um roteiro de perguntas para guiar a elaboração de ideias.
“Muitas vezes, queremos dar respostas sem ouvir o que as pessoas envolvidas esperam. Todas as falas e conhecimentos são importantes para haver cultura de paz de verdade” — Thelma Alota, diretora da EMEI Virgílio Távora
Foram objeto de estudo experiências que apostam na importância da construção de espaços de diálogo, de reconhecimento e de respeito mútuo no ambiente escolar.
Os conflitos envolvendo familiares de estudantes e educadores/as da escola foram muito presentes em diversas experiências apresentadas, que ofereceram novas perspectivas de escuta e respeito mútuo para lidar com tais situações. A diretora Thelma Alota, por exemplo, observou como as famílias enriquecem as discussões mensais da CMC da EMEI Virgílio Távora ao trazerem seu ponto de vista sobre os conflitos, participarem do mapeamento e da escolha de temas. “Muitas vezes, queremos dar respostas sem ouvir o que as pessoas envolvidas esperam. Todas as falas e conhecimentos são importantes para haver cultura de paz de verdade”, afirma.
“Considero que as ações formativas são uma ferramenta necessária para desenvolver ações que refletem diretamente no fazer pedagógico da unidade” — Edneuza Cardoso, diretora do CEI Vereador Gabriel Nogueira Quadros
Diversas formas de escuta da comunidade escolar (estudantes, seus familiares, docentes, equipes de apoio) fizeram parte de experiências apresentadas ao longo dos seminários. A assistente de direção Edneuza Cardoso, por exemplo, relatou a importância das ações formativas semanais desenvolvidas junto ao quadro de apoio do CEI Vereador Gabriel Nogueira Quadros (DRE Itaquera). As/os integrantes do quadro de apoio sugerem uma temática a partir do dia a dia da equipe e, durante as ações formativas, todos trabalham conjuntamente para desenvolver formas de incentivar o desenvolvimento saudável e autônomo dos bebês e crianças pequenas. “Considero esse processo como uma ferramenta necessária para desenvolver ações que refletem diretamente no fazer pedagógico da unidade”, afirma Cardoso.
Veja também:
Acesse as fotos da 5º Edição dos Seminários Regionais das CMCs
Confira todas as experiências apresentadas nos Seminários
Leia e baixe o Caderno Respeitar! sobre mediação de conflitos