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Escola cancela festa da Cultura Brasileira por empatia às famílias e mensagem viraliza

No último dia 21 de agosto os familiares da EMEI Jardim Monte Belo, na zona oeste de São Paulo, foram surpreendidos com um bilhete na mochila das crianças:

“Muita atenção: não iremos mais ter a VI Festa da Cultura Brasileira no próximo sábado. Ela foi adiada para o próximo dia 28 de setembro!”.

A decisão da troca de data partiu da escola, em conjunto com a comissão de familiares, por perceberem que havia dificuldade, por parte de pais, mães e crianças, em participar da festa. 

“Este é o sexto ano que realizamos a festa e, como nos anos anteriores, a ideia era vender um “passaporte” por criança para arcar com os custos de brinquedos infláveis que iríamos alugar para o evento. Além disso, teríamos também a venda de comidas, como prato de feijoada, lanches e bebidas”, explicou José Roberto Marques da Silva, coordenador-pedagógico da escola. “Com a proximidade da data, passamos a receber bilhetes das famílias dizendo que não participariam, pois não podiam arcar com os valores”, diz, referindo-se ao passaporte de R$ 25,00 por criança e os pratos (que iriam variar até R$ 10,00). 

A escola, então, levou o assunto para reunião, com a presença do Conselho de Famílias. “Nossa festa tinha como premissa falar sobre direitos humanos. A gente percebeu que a ideia de cobrar, mesmo que só para cobrir custos, seria uma contradição, porque estaríamos sonegando o direito das pessoas participarem fazendo uma pré-seleção econômica”, diz Silva. Ao abrirem o espaço de escuta, professores e direção viram que questões como a crise econômica e o alto índice de desemprego entre os familiares eram impeditivos para a realização da festa naquele formato. 

“Eu mesma fui uma das primeiras a dizer que não tenho condições, porque não estou trabalhando”, explica Margarida Jesus Paixão, da comissão das famílias e mãe da aluna Brenda, de 6 anos. “Eu acompanho de perto minha filha na escola, faço reunião com a professora para saber da parte pedagógica, tô sempre lá”, diz. Entusiasta de atividades que envolvam a comunidade escolar, Margarida disse que, para pagar a festa teria que deixar de comprar outras coisas mais essenciais. 

A reunião entre direção e comissão terminou com a proposta de repensar a festa, remarcada para o dia 28 de setembro. A nova proposta é ter um almoço coletivo com lanche para as crianças e a colaboração de voluntários para oficinas de arte e diversão.  

O bilhete encaminhado para as famílias foi publicado na página da escola no Facebook e compartilhado quase 700 vezes. “Agradecemos a todos e todas os comentários e compartilhamentos. A esperança pode ser frágil, mas não será fácil destrui-la enquanto houver uma única luz brilhando. Obrigado!”, agradeceu a escola na rede social. 

Satisfeita, Margarida diz que tanto ela quanto outros pais e mães gostaram da atitude da escola. Quando questionada sobre o papel da educação na vida da filha, a cuidadora de crianças, que estudou só até a 8a. série do antigo ginásio (atual 7º ano), é enfática: “Eu acho que a educação é cultura, é cidadania, é consciência, é tudo!”. E finaliza: “e é também exemplo“. 

A íntegra do bilhete encaminhado às famílias pela direção da EMEI Jardim Monte Belo, sobre a troca de data da festa

Para a festa do dia 28/9, a escola está aceitando a doação de livros infantis para presentear os estudantes, além de outras demandas, como voluntários e itens de alimentação para o almoço coletivo. Clique aqui e veja como colaborar! 

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