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Comunicação e EDH: Caminhos para a participação democrática

18 de maio de 2023

Conhecer experiências de Rádio Escola, Jornais Murais, Cineclubes, Grupos Teatrais, Jornalismo Local e firmar parcerias com os meios comunicativos nos territórios pode dinamizar os processos de aprendizagem, participação e produção de conteúdos críticos

Por Raquel Quintino*

A comunicação deve ser assumida, em si mesma, como um direito humano fundamental. Como define a Declaração dos Direitos Humanos, de 1948, em seu artigo 19, a Comunicação é um dos direitos humanos fundamentais. Em decorrência, fica garantido a todas as pessoas o poder de se expressar, e de fazê-lo publicamente. Inerente ao direito à informação, reconhece-se, igualmente, o direito à participação em determinada cultura, o direito a um ambiente plural nos meios de comunicação, o direito à privacidade, bem como o direito de ter acesso a uma educação que faculte a cada ser humano os conhecimentos necessários para comunicar-se e fazer uso dos recursos que facilitem sua interação social. 

(Plano Estadual Educação em Direitos Humanos SP, 2018)

Como defender o direito à vida digna para todas as pessoas? Como humanizar as relações no cotidiano escolar? E como democratizar os meios de comunicação de massa? Essas questões são os pilares éticos de uma sociedade democrática e de uma educação emancipadora. 

Apropriar-se das metodologias de Educação em Direitos Humanos nos leva a conhecer e exercitar uma didática em que a comunicação pode mediar relações mais criativas e participativas. 

Estamos falando de uma metodologia que propõe compreender a comunicação como processo de diálogo e não apenas como marketing, isto é, como algo que distorce a realidade e manipula as pessoas para promover o consumo.

Partindo, então, do diálogo e da escuta, vamos trilhando os caminhos para a construção coletiva de meios alternativos de comunicação ao estimularmos os educandos a criar canais que ampliem o alcance de suas expressões. Fazer com os educandos e não para eles, pensando o uso dos equipamentos eletrônicos de forma coletiva.

Partindo, então, do diálogo e da escuta, vamos trilhando os caminhos para a construção coletiva de meios alternativos de comunicação ao estimularmos os educandos a criar canais que ampliem o alcance de suas expressões.

Fazer juntos(as) a partir do diálogo: com essa premissa metodológica, as salas de aula se tornam reuniões de pauta, espaços de pesquisa e apuração dos fatos, reflexões sobre os públicos que serão atingidos, definição dos formatos para os conteúdos produzidos e escolha dos meios para publicar esses conteúdos, usando as plataformas digitais sem desprezar a força da comunicação impressa, oral, analógica, teatral, comunitária e alternativa. 

Procurar conhecer experiências de Rádio Escola, Jornais Murais, Cineclubes, Grupos Teatrais, Jornalismo Local e firmar parcerias com os meios comunicativos nos territórios, como as rádios comunitárias, podem dinamizar os processos de aprendizagem, participação e produção de conteúdos críticos.

Vale a pena conhecer a história do projeto Cala Boca Já Morreu que, em 1995, veiculou pela Rádio Cidadã do Butantã programas produzidos por crianças de 5 a 10 anos. Essa experiência inspirou o projeto de Educomunicação da Secretaria Municipal de São Paulo que, no ano de 2001, criou estúdios nas escolas e formou educadores e educandos na linguagem radiofônica. 

Outra experiência significativa ocorreu em Mauá-SP, onde a Escola Estadual Irene da Silva Costa se aproximou da Rádio Comunitária ZFM. Nesse contexto, alunos do ensino fundamental e médio passaram a frequentar os estúdios da rádio e a transmitir os programas produzidos em conjunto com colegas e professores nas manhãs de sábado do ano de 2010 na frequência 87,5 FM. A experiência está disponível em Projeto Rádio Escola.

PARA SABER MAIS:

A educomunicação como metodologia de defesa dos direitos humanos
Mas, afinal, o que é educomunicação
Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos

*Raquel Quintino é mestra em Comunicação Social pela Universidade Metodista e graduada em Ciências Sociais pela Fundação Santo André. Atua como formadora na equipe do projeto Respeitar é Preciso!, do Instituto Vladimir Herzog, e é coordenadora pedagógica do Centro Cultural Afro-brasileiro Solano Trindade, além de ser coautora do livro “Comunicação Popular, Comunitária e Alternativa no Brasil: Sinais de resistência e de construção da cidadania” (Editora Metodista, 2015).

1 comentário

  1. Tânia de Lima em 26 de junho de 2023 às 07:49

    O caminho para participação democrática envolve todos da comunidade escolar, o tema deve ser apresentado aos alunos de modo criativo, usando a linguagem, mídias sociais e meios de comunicação próprio dos jovens.

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