6° Encontro na DRE Capela do Socorro 2018
1 de dezembro de 2018
6° Encontro
Data: 27/09/2018
Formadora: Celinha Nascimento
Pauta:
– Estudo de Caso
– Democracia na Escola
A formadora lembrou a todos como havia terminado o encontro anterior e apresentou o caso selecionado para discussão:
“E agora?
Cecília é aluna do 9° ano e, desde os anos de Educação infantil vive em constante desconforto em relação à forma como muitos dos alunos se dirigem e se relacionam com ela. No início, eram as brincadeiras na hora do recreio: não tinha vontade de juntar-se ao grupo de meninas, para o qual era sempre dirigida pelos adultos, uma vez que não se interessava elas brincadeiras com bonecas, amarelinhas, etc… era muito difícil também ter ¨permissão¨ dos meninos para se aproximar, ou compartilhar os jogos de futebol. Com o tempo, as situações de isolamento foram se tornando cada vez mais frequentes. Foi só nos anos finais do Ensino Fundamental, que ela, depois de um longo processo de autoconhecimento, optou por mudar seu nome, transformar gradativamente seu corpo, e assumir uma nova identidade. Passou a atender pelo nome de Célio, o que ainda não deixa de suscitar comentários e questionamentos, tanto por parte dos adultos, quanto por alguns colegas. Na última semana, reivindicou para a direção da escola o direito de usar banheiro masculino, o que vem sendo visto com muita resistência pela equipe de gestão e parte do corpo docente, além das reclamações por parte dos colegas. Como lidar com esta situação?”
O Estudo de Caso foi menos dirigido à questão da Diversidade, e mais para a Democracia na Escola. Segue a sistematização da conversa feita pela formadora, sob os parâmetros de análise:
Situações de desrespeito | Reflexões | Ações |
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Outros comentários anotados pela formadora:
- Uma EMEF teve caso parecido e relatou: pais não admitiam a questão, como passar pela família?
- Outra EMEF com caso similar: aluno frequentava banheiro masculino porque não se sentia bem no feminino
- Uma professora deu depoimento comovente sobre sua filha se descobriu “menino” e o quanto ela sofreu com isso: ela aconselhou que a filha continuasse no banheiro feminino na escola pois era assim que todos a conhecem, mas no shopping e outros locais públicos ela usa o masculino e gosta muito, sente-se bem.
- Outro relato dá conta de que num CEI, as crianças usam um único banheiro e que não é possível levar essa prática para EMEF, pois já tiveram casos de espancamento.
- Uma educadora do NAAPA pediu a palavra e falou ser “resistente à questão dos banheiros”; segundo ela, importante seria ter três banheiros, masculino, feminino e unissex, mas que isso não é uma realidade na rede, então os grupos precisam ser respeitados em igual medida e no caso de não ser possível atender a demanda por um terceiro espaço, o grupo preciso se entender. Lembrou que “na PUC é unissex” e que não tem ATEs suficientes para acompanhar essa demanda de utilização dos espaços nas escolas. Terminou falando que “a questão dos banheiros está à frente do tempo neste momento”.
A formadora mostrou slides que resumem ideias contidas no caderno Democracia na Escola a fim de ressaltar o propósito democrático de encaminhar discussões como essa, mesmo que não se chegue a uma conclusão.
Em geral, foi fácil perceber que as ações sugeridas não tinham consenso nem mesmo entre o grupo, eram difíceis de encaminhar, precisavam do coletivo atuando junto, precisavam de mudança de cultura, muito mais que um banheiro novo. Também foi promissor verificar que a discussão do caso permite pensar a escola em seu conjunto, em sua estrutura e os papéis de cada um. Em alguns momentos os ânimos se exaltaram positivamente.
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*Acesse a apresentação de slides da formadora.
*As avaliações do encontro estão disponíveis aqui.