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3° Encontro na DRE Campo Limpo 2018

3° Encontro

Data: 12/06/2018
Formadora: Gunga Castro e Ana Lúcia Catão
Pauta:
– Retomada das atividades já feitas até aqui
– Retomada das leituras sugeridas o encontro
– Análise de caso concreto sobre diversidade e discriminação
– Vivência do caderno Diversidade e Discriminação
– Intervalo com-vivência
– Retomada do pensado e vivido

A formadora começou iniciando uma conversa sobre discriminação, convidando as pessoas a participarem. Foi perguntado de que maneira a discriminação aparecia nas escolas, e os participantes deram início a um levantamento de situações, que foram sendo comentados pela formadora:

Como era de se esperar, as falas giraram em torno de cor de pele, condição social, migrantes, maus alunos, meninas, famílias, etc.. Neste primeiro momento, não ouvi nenhuma colocação a respeito de orientação sexual ou gênero, o que me causou certa estranheza.

A formadora leu os trechos do caderno Diversidade e Discriminação que foram recomendados como leitura antecipada (pp. 28-35 do material impresso), e o grupo compartilhou relatos e ideias sobre o material. Depois disso, a formadora apresentou o caso selecionado para o encontro:

“E agora?

Cecília é aluna do 9ºano e, desde os anos de Educação infantil vive em constante desconforto em relação à forma como muitos dos alunos se dirigem e se relacionam com ela. No início, eram as brincadeiras na hora do recreio: não tinha vontade de juntar-se ao grupo de meninas, para o qual era sempre dirigida pelos adultos, uma vez que não se interessava elas brincadeiras com bonecas, amarelinhas e etc. Era muito difícil também ter ¨permissão¨ dos meninos para se aproximar, ou compartilhar os jogos de futebol. Com o tempo, as situações de isolamento foram se tornando cada vez mais frequentes. Foi só nos anos finais do Ensino Fundamental, que ela, depois de um longo processo de autoconhecimento, optou por mudar seu nome, transformar gradativamente seu corpo, e assumir uma nova identidade. Passou a atender pelo nome de Célio, o que ainda não deixa de suscitar comentários e questionamentos, tanto por parte dos adultos, quanto por alguns colegas. Na última semana, reivindicou para a direção da escola o direito de usar banheiro masculino, o que vem sendo visto com muita resistência pela equipe de gestão e parte do corpo docente, além das reclamações por parte dos colegas. Como lidar com esta situação?”

Foi pedido para que se organizassem em grupos de 3 pessoas, conversassem, para depois discutir em plenária. Esta etapa teve duração de aproximadamente 20 minutos, e foi sugerido que o grupo se organizasse em roda, o que ajudou bastante.

A discussão foi bastante rica, e teve começo com uma proposta de se construir um novo banheiro na escola, um banheiro unissex. Esta sugestão trouxe à tona uma longa discussão. Algumas posições que surgiram:

  • “Não seria uma situação de discriminação, fazer um banheiro exclusivo?”
  • “Isso causaria uma série de problemas com as famílias.”
  • “Seria preciso monitorar este banheiro por conta da segurança.”
  • “Não estaríamos assim evitando um conflito?”

A formadora fez poucas intervenções, encaminhando a conversa para o ponto mais importante: o respeito e o direito que a próprio aluno tem de escolher e ser ouvido.

A formadora Ana Lúcia Catão, observando nossa conversa, alertou-nos para a possibilidade, que sempre existe, de repetirmos, em nossas discussões, uma dinâmica que tentamos evitar, que é deixar que a discussão aconteça entre um pequeno grupo e não com todo mundo. Tínhamos ali, 13 pessoas, e acredito que umas 8 estivessem fazendo uso da palavra. Foi importante, e isso me levou a pensar no quanto é produtivo trabalharmos juntos, e poder contar com diferentes olhares para as situações que se colocam nos encontros.

Ao final da discussão a formadora encaminhou a atividade de simulação de deficiências, pedindo que se organizassem em duplas, orientando-os a escolher seus papéis (pessoa com deficiência ou ajudante), e amarrando as mãos ou vendando os olhos, e então deixou-os sozinhos.

Ao final de 20 minutos, a formadora encerrou o exercício e iniciou uma conversa a respeito não de como se sentiram as pessoas supostamente com deficiência, mas aqueles que estavam ao seu lado.

Esta discussão é sempre muito rica e nos mostra um pouco que trabalhar com os que estão em situação de desvantagem é lidar com os que estão no entorno também, e que o preconceito, a discriminação e a falta de familiaridade está nos outros, e não necessariamente neles. Foi bem importante e, claro, falamos um pouco sobre a educação inclusiva, focando a conversa no papel que a escola tem na vida das crianças com deficiência.

O encontro encerrou com o questionamento da formadora sobre as possibilidades, formas e a importância de se abrir um espaço para este tipo de discussão na escola.

Mesmo que as mudanças não aconteçam rapidamente, o importante é não deixar de abordar estas questões, sobretudo quando desempenhamos o papel de educadores.

***

*Acesse a apresentação de slides da formadora.

*Leitura recomendada: Caderno Respeito na escola: Orientações geraisParte III. EDH para todas as idades – Orientações para a Educação Infantil (pp. 107-127 do material impresso).

*As avaliações que os educadores fizeram deste encontro podem ser lidas aqui.

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