Tarefa 6 – Curso REP! – Maria Rachel Compatangelo Fernandes de Sá
Data
7 de agosto de 2020
Cursista
Maria Rachel Compatangelo Fernandes de Sá
Função
Assistente de direção 0
DRE / Unidade Educacional
Santo Amaro
Escola
EMEI Antonio Bento
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – PLANO DE AÇÃO – EMEF ALFERES TIRADENTES
Somos uma escola de Ensino Fundamental I e II, situada na zona sul de São Paulo, mais precisamente na Vila Joaniza. Temos atualmente cerca de 1100 alunos, em dois turnos e setenta funcionários. Iniciei como AD este ano, chegando na escola juntamente com o diretor, Adelson. Minha sala é a primeira logo na saída do pátio, indo para a área administrativa e a sala dos professores. Em frente a sala existia um banco de madeira, estilo “vintage”. Na semana de planejamento, ao elogiá-lo, ouvi que logo mudaria de opinião ao vê-lo lotado de alunos para eu atender; particularmente achei um certo exagero. Os primeiros dias foram tranquilos,mas na semana seguinte o banco não ficava vazio, o diretor e eu atendíamos, conversávamos e ouvíamos alunos praticamente o dia todo. Saia exausta, tinha dias que perdia as contas de quantos alunos entravam e saiam da minha sala; procurava me organizar, anotar, pensar em algo, mas em especial o período da tarde era tomado por uma espécie de tsunami que nos engolia. O Adelson procurou conversar em algumas reuniões com os professores, falando que ele não acreditava neste tipo de abordagem onde a gestão tinha o papel punitivo diante de situações tão diversas, como da falta de borracha a cabular aula; que considerava a escuta algo importante, o respeito mútuo fundamental, mas as situações foram se agravando. As falas nas reuniões eram que a disciplina da escola estava ameaçada, que os alunos estavam testando a nova direção, enfim, seguiam esta linha, mas alguns indícios nos diziam que não era bem assim. Existiam evidencias de que aquela era uma prática recorrente na escola, como o cometário sobre o bando lotado e a infinidade de ocorrências de 2019, feitas pelos professores, por ações tidas como indisciplinares, a serem arquivadas nos prontuários dos alunos. O diretor chegou a mostrá-las nas reuniões, propor uma reflexão com os professores, mas a situação não dava impressão de melhorar. Em dado momento durante uma reunião nossa com as coordenadoras, abandonamos o Adelson e o pressionamos a mudar de postura. Ele ficou muito indignado, disse que não acreditava no tipo de abordagem que esperavam dele, mas concordou em fazermos algumas alterações e passamos a fase dois. A primeira ação foi a retirada do banco, chamamos alguns pais para tentar entender o que estava acontecendo, iniciamos o trabalho diretamente com os alunos que mais “davam problemas” nas aulas, houve dias que tinham vários fazendo atividades em minha sala, continuamos a conversar com os professores e começamos a “fazer marcação cerrada” da gestão nos corredores; não houve advertência, pois isso era um afronte muito grande aos princípios do diretor. Foi quando o tsunami começou a virar um mar revolto e a pandemia nos pegou em cheio; e as aulas foram suspensas.
Neste cenário inicio o curso “Respeitar é Preciso“. Para ser muito sincera, ouvi a introdução do curso e não consigo iniciá-lo. Minhas desculpas internas eram as mais variadas, no entanto, após assistir a 4ª Live, já em julho, algo mudou e resolvi iniciar efetivamente o curso. A cada aula ficava mais incomodada com a minha atitude em relação ao Adelson. Quando finalizei todas, solicitei uma reunião com a gestão; após expor minhas reflexões pedi desculpas por deixa-lo sozinho. A conversa foi muito boa, pensamos em algumas ações, e apesar de temos consciência que o trabalho a ser feito será grande, a diferença desta vez é que o Adelson sabe que não estará sozinho.
A justificativa ficou longa, mas achei importante relatar nossas vivências, angustias e reflexões.
Este Plano de Ação, está sendo escrito a várias mãos, estou iniciando com a sua formalização, no entanto, é algo coletivo, que certamente sofrerá alterações.
Nosso mapeamento levou em consideração as vivências do início do ano, as reflexões que fizemos e para começar pensamos, dentre os campos apresentados no curso, em optar pela “Rede de Relações”. No entanto, como os campos se relacionam, os demais, comunicação, regras de convivência, tempos e espaços e o currículo, certamente serão considerados.
Pensamos que o ideal seria envolver todas as organizações da escola, utilizando diferentes estratégias:
- Comissão de Mediação de Conflitos (CMC): como membro da equipe gestora havia montando um grupo no WhatsApp somente com os membros de apoio e docente. A nossa proposta é iniciar na próxima semana, uma ampliação do grupo, incluindo os demais membros representantes da família e alunos. Ter uma conversa virtual, inicial, apresentando a portaria da criação da CMC, o livro “Mediação de Conflitos” e propor encontros mensais. Nestes encontros, apresentaremos trechos do livro, recheados de vídeos e reflexões propostas aqui no curso. Uma professora que também fez este curso faz da CMC e gostaríamos de ouvi-la e compartilhar com ela a proposta antes de inicia-la.
- Conselho de Escola e APM: a ideia não é apresentar mais um “projeto” da escola, mas impactar, talvez usando uma abordagem direta, com um vídeo, como por exemplo, o depoimento da Pamela, do filme “Ultimas Conversas” e refletirmos juntos sobre o Plano de Ação que estamos traçando e perceber um pouco o que acham.
- Grêmio: a professora que faz a coordenação do grêmio, é a que fez também este curso. Iremos ouvi-la e ver o que acha de fazer um trabalho em conjunto, por esta razão não apresentaremos as estratégias a serem usadas nesta organização.
A finalidade deste Plano de Ação é acima de tudo propiciar momentos de reflexão em TODOS os âmbitos da UE.
Os objetivos são:
- Refletir como é uma Educação voltada aos Direitos Humanos;
- Repensar como podemos pautar nossas ações no RESPEITO MÚTUO e na ESCUTA ATIVA.
Este Plano de Ação terá início agora em Agosto de 2020 e sua primeira etapa finalizará em dezembro de 2020. Iremos repensar, juntos, sobre quais aspectos precisam ser intensificados, mudados ou mesmo excluídos para iniciarmos 2021.
Faremos o trabalho junto a equipe docente durante os encontros formativos. Já havíamos planejado algumas reuniões, com convidados, que iremos inserir neste plano, duas já ocorreram, uma com a psicanalista Luz Marina, da Equipe do NAAPA da DRESA cujo tema foi “Autocuidado e bem estar dos profissional da educação em tempos de pandemia” e outra com o coordenador pedagógico Jean Carlo Mujollo, falando sobre Educação Integral: História e desafios. A terceira está em tratativa com a diretora Joyce que nos trará sua experiência com a Diversidade e Discriminação.
A metodologia irá seguir um formato parecido com o do próprio curso, “Respeitar é Preciso”, abordando os seguintes temas:
- Direitos humanos;
- Educação em Direitos Humanos;
- Respeito Mútuo;
- Escuta Ativa;
- Diversidade e discriminação;
- Democracia e educação;
- Mediação de Conflitos.
Faremos adequações, como a inversão dos últimos dois temas, pois pensamos em a própria CMC se apresentar e para isso precisaremos de um tempo para constituí-la como tal. Outro aspecto que consideramos foi inserir em cada tema, vivencias da escola e dos educadores, como o Grêmio, e outros tantos projetos que já foram feitos e tiveram um resultado positivo para os envolvidos.
O mapeamento será proposto no decorrer dos temas, talvez após o da Escuta mútua, mas será no final deste ano, onde juntos, enquanto UE buscaremos sistematizá-lo, refletindo sobre quais aspectos iremos focar em 2021. Ainda não temos ideia quando e se as aulas serão retomadas este ano, desta maneira, este será um dos parâmetros para balizarmos os temas e as propostas.
A avaliação será constante, no entanto, só conseguiremos perceber se as propostas de reflexão estão tendo alguma ressonância com a volta as aulas e o contato, com os alunos acontecer.
Reli algumas vezes este Plano de Ação, tenho consciência que alguns aspectos precisam ser aprofundados, mas o que considerei mais importante foi o chacoalhão que levei, onde pude ver o filme da minha vida profissional e mesmo pessoal, passando durante alguns momentos das aulas. Puxa!!!! quanta coisa poderia ter sido diferente. Simplesmente diferente, não melhor, nem pior, no entanto, como não temos o poder de mudar o passado, mãos a obra para construir um novo amanhã.
Adorei o curso, muito obrigada pelo que me proporcionaram.
M Rachel C Fernandes de Sá