post-mafalda

21 de outubro de 2018

É provável que muitos de nós tenhamos, ao menos inicialmente, a mesma reação da Mafalda ao ouvir a palavra “política” nesta conhecida tirinha:

Tirinha de Quino extraída da edição de "Mafalda e seus amigos" (Martins Fontes editora, 1999).

Tirinha de Quino extraída da edição de “Mafalda e seus amigos” (Martins Fontes editora, 1999).

Não só “política” parece ser um palavrão, quanto falar dela parece incitar o uso de outros ainda piores. Embora seu uso seja milenar, nosso conceito relativamente recente de política associada a governo, gestão, negociação e burocracia é reforçado diariamente pelas editorias de jornais que insistem em reduzir a política aos trâmites exclusivos do poder do Estado.

Tratar de aprender a democracia na escola é reconhecer a política como uma dimensão prática da vida, surgida nas relações de convivência que tecemos dentro e fora do espaço escolar. Ou, segundo o caderno Democracia na Escola:

“Quando pensamos em democracia, pensamos politicamente, não importa em que ambiente. E, à medida que pensamos politicamente, ganhamos mais ferramentas para pensar o que é justo, o que é necessário, o que deve ser mantido e o que deve ser mudado radicalmente em nossa sociedade. Faz parte da história que novos direitos, novos personagens e, consequentemente, novas demandas entrem em cena, conforme as sociedades se transformam. E é pela escolha e pela ação políticas que as sociedades se transformam.”

“A democracia é um regime de governo e também um “modo de vida” que se orienta pelo respeito mútuo, pelo diálogo e pela participação solidária em prol do bem comum, em todas as relações sociais cotidianas. O exercício da política, no sentido aqui adotado, é parte intrínseca da vida de todas as pessoas. Assim, ela implica não só o diálogo, mas a tomada de decisões por parte de comunidades.”

“Possibilidade”, “confiança”, “criatividade” e mesmo “prazer” não são termos que geralmente associamos à política. E no entanto, sem eles não há atividade política que seja viva. Neste fala concisa, o antropólogo David Graeber nos lembra que administrar nossos problemas coletivamente pode ser uma prática incrivelmente libertadora. Assista (legendado em português):

Esta postagem faz parte da série Escola é lugar de aprender democracia. Veja os outros posts aqui.

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